Viver
para conviver ou conviver para viver?
Por:
Analúcia Neves
Dizem por ai que é o posicionamento do professor que
minimiza a complexidade da boa convivência em sala de aula. Isso está certo. Mas é muito certo também, que as primeiras lições de convivência se aprendem em
casa. Infelizmente, nem sempre é o que acontece.
Falo isso porque quero abordar o assunto, pois é uma das
minhas preocupações com relação aos meus alunos. Percebi que nos dias que eles
se tratam melhor, a aula flui melhor
e os objetivos são atingidos.
Bem! Chega de blá,
blá, blá que todos já sabemos. Vamos às práticas, ou aos fatos.
No ano passado, numa classe do 6º ano, para ser mais exata, vivi
essa falta de convivência de maneira mais intensa, do que as de costume. Ver como aqueles
pré-adolescentes se tratavam me esgotava. Decidi buscar nas dinâmicas a solução
para as minhas aulas de Língua portuguesa, afinal seis aulas por semana são 300
minutos semanais juntos, eu e eles. Ufa!
Tentei várias dinâmicas, a maioria não foram decisões
acertadas, porém uma delas deu muito certo, a roda de leitura e mímica.
Lembro-me que para preparar essa aula, passei meu final de
semana escolhendo narrativas que abordassem o assunto de maneira clara e
objetiva, para que eles compreendessem a minha intenção. Mas à medida que as
lia, recordava que nunca gostei dos textos impostos por meus professores, e, aquela
seria uma aula diferente, parei de procurá-las. Pedi que eles trouxessem textos
que abordassem as boas amizades,
poderia ser de qualquer gênero.
Para aplicar aquela dinâmica escolhi um dia que fosse a
primeira aula, o período era o da manhã. No dia cheguei um pouco antes e
preparei a sala colocando as carteiras em forma de roda. Os poucos alunos que
trouxeram os textos, apresentaram histórias com os mais variados temas, afinal eram
textos que lhes agradavam. Escolhi uma
narrativa que tratava do assunto. Coloquei-me no
centro da roda para ler. Enquanto estava lendo pude perceber que eles estavam
com os olhares fixos em mim, creio que a disposição das carteiras contribuiu.
Quando terminei a leitura os outros que também trouxeram seus textos pediram
para lê-los. Foi o que aconteceu.
A aula fluiu como nunca. Ao final das leituras perguntei a
eles o que a maioria daquelas histórias tinha em comum, a resposta veio quase
que em coro: “o amor entre amigos”. Disse
a eles: vocês compreenderam!
Usei o tema outras tantas aulas. Por algumas semanas eles se
trataram melhor. O aprendizado estava ali presente nesse período. Mas como tudo
na vida é necessária muita perseverança, voltaram novamente os maus tratos entre eles. E as
dificuldades, no Ensino/Aprendizagem, também.
Algum leitor deve ter perguntado: “e as mímicas?” Me envolvi
tanto com o entusiasmo deles lendo e outros pedindo para ler, que nem me
lembrei dessa parte da dinâmica. Não houve mímica.
Agora, para concluir voltemos ao primeiro parágrafo: procuro
sempre debater o assunto “boa convivência em sala de aula”, tanto nas classes
do Fundamental quanto nas do Médio, no entanto vejo que em muitos casos falta a
parte da família.
̶ Quem se aventura a responder essa: Viver para aprender ou aprender para viver? ̶ Soa melhor assim a pergunta?
Deixo aqui essa tarefa.
Que desafio!
ResponderExcluirAcredito que nós como professoras abraçamos os dois:vivemos para aprender e aprendemos para viver,ou será que é válido para todos?
Sua experiência com a turma pode não ter tido um resultado milagroso,mas certamente produziu sentido para muitos e eles não se esquecerão da aula diferente.
Penso como você Ana, pois cada vez que me lembro desse episódio procuro analisar o ocorrido, depois buscar melhoras. Sempre busco melhoras em tudo...
ExcluirAnalúcia,meus parabéns, você escreve muito bem e como vimos vive em busca de aprimorar-se cada vez mais. Quanto à sua pergunta, acredito que, como professoras que somos, estamos constantemente dos dois lados: vivendo para aprender e aprendendo para viver.
ExcluirAna, gostei muito do seu texto e da forma como envolveu (e desenvolveu) seus alunos. Você me fez refletir... Sempre acreditei que vivemos para aprender, mas agora já não tenho certeza que seja apenas isso.
ResponderExcluirÉ uma dinâmica bem diferente que, ao invés do embate com o estudante, busca o diálogo. Muito legal. Parabéns.
ResponderExcluirOi Ana Lucia! Concordo com você, está muito difícil ensinar, matamos um leão por dia, mas o importante é nunca desistir e continuarmos tentando e sempre melhorando
ResponderExcluiraté acertamos e atingirmos os nossos objetivos. Quanto a sua pergunta, acho que vivemos para aprender para podermos ensinar os nossos alunos! Concorda? Um abraço!
Olá, Ana Lucia a cada dia que vivemos aprendemos mais,principalmente em salas de aulas com vários problemas de convivência , as atividades desenvolvidas por você, por sinal bem elaboradas, está de parabéns pelo empenho tenho certeza que deve ficar marcada para sempre nos seus alunos.Tenho salas também com esse tipo de problemas e sempre estamos desenvolvendo maniras e aprimoramento para as aulas ficarem significativas.
ResponderExcluirParabéns Lú, você realmente é um diferencial! Continue assim nos seu novos desafios.
ResponderExcluirOi, Ana. Sei como é difícil a convivência em sala de aula. Queria ter uma técnica infalível para isso, mas...
ResponderExcluirAbraço
José Eugênio (biscoitocafeenovela.blogspot.com)
Poxa, que texto magnifico!!!Muito bom essa inciativa sua como professora, porque mesmo que não sejamos pais, as vezes temos preocupações como tais para com os alunos e essa troca facilita a convivência, porque difícil mesmo e conviver com as diferenças e chega uma hora que precisamos entender, que só conseguimos aquilo que buscamos. E você buscou! Grande beijo e sucesso!!!
ResponderExcluirAgradeço de coração todos os comentários, vocês me deixaram com mais confiança para seguir em frente nesse trabalho, que não é fácil.
ResponderExcluirUm abraço apertado em cada um de vocês.
Analúcia Neves.
Olá Ana, achei muito interessante o texto e a sua proposta!
ResponderExcluirGrande beijo. Marcelo.